Aposentadoria especial: por que a Justiça pode ser o único caminho para conseguir?

Aposentadoria especial

A aposentadoria especial é um direito previsto por lei para trabalhadores que atuam em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. No entanto, conseguir o benefício diretamente pelo INSS nem sempre é fácil. 

De acordo com os boletins de 2024, por exemplo, 94,1% das aposentadorias especiais concedidas nos primeiros meses ocorreram pela via judicial. Isto é, apenas 118 de 2.008 pedidos foram aprovados sem necessidade de recorrer à Justiça.

Hoje, trouxemos um conteúdo completo, no qual explicaremos por que isso acontece, quais obstáculos surgem e como agir para aumentar as chances de obter a aposentadoria especial. Então, continue lendo até o final e esclareça suas dúvidas.

Por que a maioria das aposentadorias especiais são concedidas pela Justiça?

Como vimos, 9 em cada 10 aposentadorias especiais são concedidas por meio da Justiça. Enquanto isso, apenas uma pequena parte é aprovada diretamente pelo órgão. Esse cenário evidencia a dificuldade que muitos segurados enfrentam ao solicitar o benefício administrativamente.

O principal problema está na interpretação de documentos, como o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Esse documento detalha toda a exposição do trabalhador a agentes nocivos, indicando se ele tem direito ao benefício.

No entanto, a autarquia adota uma interpretação rígida. Assim, se o PPP estiver incompleto, ausente ou se a empresa não existir mais, é comum o INSS optar pelo indeferimento. 

Ademais, as empresas podem se recusar a fornecer os registros ou já nem estarem mais atuando. Nessas situações, mesmo que o segurado tenha direito, o pedido administrativo é negado.

A Justiça, por outro lado, adota uma análise mais ampla e flexível, permitindo que trabalhadores comprovem o tempo especial por outros meios.

Isso faz com que grande parte dos pedidos precise recorrer ao Judiciário para garantir um direito que já é legalmente previsto.

O que fazer quando a empresa não fornece o PPP ou deixou de existir?

Muitas vezes, o PPP não é entregue pelo empregador ou a empresa já não existe, o que faz com que o INSS tenda a negar a aposentadoria especial. Afinal, já vimos que o órgão considera a documentação essencial. No entanto, isso não significa que o direito do trabalhador acabou.

O caminho é reunir provas alternativas que demonstrem o tempo de exposição a agentes nocivos. É possível usar:

  • Contracheques antigos;
  • Registros de inspeção do trabalho;
  • Depoimentos de colegas ou ex-supervisores;
  • Ordens de serviço;
  • Laudos ambientais. 

Tudo isso serve para comprovar que o período de atividade especial existiu.

Se o INSS negar o pedido administrativo, a via judicial permite apresentar essas provas de forma válida, aumentando bastante as chances de sucesso. 

De qualquer forma, saber quais documentos reunir e como organizá-los é essencial para não perder tempo e garantir a aposentadoria especial que você tem direito.

Passo a passo: solicitar aposentadoria especial pela via judicial

Quando o INSS nega a aposentadoria especial, recorrer à Justiça é uma opção segura. O processo começa com a análise completa do seu histórico laboral, reunindo todos os documentos que comprovem a exposição a agentes nocivos, incluindo PPP, contracheques, depoimentos e laudos.

Em seguida, é necessário entrar com a ação judicial, apresentando o pedido fundamentado e toda a documentação. O juiz então analisará o caso e poderá solicitar perícias ou provas adicionais, caso necessário. Durante o processo, é importante acompanhar os prazos e manter a documentação em ordem.

Ao final, se a Justiça reconhecer o direito, o INSS será obrigado a conceder o benefício retroativo, garantindo o pagamento correto e proporcional ao tempo de serviço especial.

Cuidados ao entrar com ação judicial para aposentadoria especial

Entrar com ação judicial para aposentadoria especial exige atenção. Isso porque é essencial reunir provas completas e organizadas, entender os critérios legais e seguir todos os procedimentos corretos. Pequenos erros ou falta de documentação podem atrasar o processo ou reduzir o valor do benefício.

Por isso, contar com a ajuda de um advogado previdenciário especializado é fundamental. Ele orienta sobre quais provas apresentar, como fundamentar a solicitação e acompanha todas as etapas do processo. 

Além disso, o profissional ajuda a evitar falhas que poderiam prejudicar o reconhecimento da aposentadoria especial, garantindo que o trabalhador tenha seus direitos preservados.

A atuação de um especialista aumenta a segurança e a chance de sucesso, tornando o caminho judicial menos complexo e mais eficiente. Sem falar que esse pode ser o melhor (e em mais de 90% dos casos, o único) caminho para obter o benefício.

Portanto, agora você já sabe que é comum o INSS negar as solicitações de aposentadoria especial pela via administrativa. Porém, esse “não” não significa que você não tenha direito e nem que não vá conseguir se aposentar por essa modalidade.

Se você ou alguém que conhece trabalhou em condições insalubres e cumpre os demais requisitos para a aposentadoria especial, não desanime se tiver o benefício negado. Quando isso acontece, a Justiça está ao seu lado para fazer valer os seus direitos. Se informe, fale com um especialista e exija respeito aos anos de trabalho árduo e penoso pelos quais você passou.

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